A tarde desta quarta-feira (30) foi marcada por um depoimento profundamente emocionado no julgamento de Matheus Henrique Paixão, acusado pela morte do médico Gabriel Basso de Moura, ocorrida em 2023 no bairro Atlântico, em Erechim.
A primeira a falar durante a tarde foi Lorien Maria Basso de Moura, 56 anos, contadora e mãe da vítima, que abriu a oitiva das testemunhas após a manhã ter sido dedicada a quatro depoimentos. Muito emocionada, ela disse que nem no pior pesadelo imaginava perder o filho, e que receberia apenas um caixão fechado com o corpo carbonizado.
Lorien contou sobre a relação com Gabriel, lembrando o sacrifício da família para construir a casa e descrevendo o lar como simples, mas cheio de amor e história, parte da qual se perdeu no incêndio. Sobre o filho, relatou que Gabriel ajudava vizinhos, atendia pessoas nas ruas e chorava a perda de cada paciente durante a pandemia. “Ele era exemplo para os irmãos em tudo”, disse.
Em momento tocante, Lorien descreveu os traços de Gabriel: “Olhos bonitos, sensibilidade nas mãos, pés que dançavam melodias lindas… e por decisão de alguém, ele se foi”. O depoimento reverberava no silêncio absoluto do tribunal, interrompido apenas pelo chorar de familiares e estudantes de Direito presentes.
A mãe relatou ainda que vizinhos tentaram bater na porta e chamar por Gabriel, mas ninguém respondeu — enquanto Paixão estava dentro da casa, enquanto o fogo consumia a residência.
Ao se dirigir ao corpo de jurados, Lorien declarou: “Enquanto eu viver, buscarei justiça, porque meu filho era só alegria e carinho. E uma pessoa assim tinha que morrer tão cedo?”
Ao final do depoimento, a defesa optou por não questioná-la, mas Lorien quis se dirigir ao réu: “Você é mais feliz agora? Eu não posso mais abraçar meu filho, mas você ainda pode abraçar sua mãe”.
O julgamento segue com o interrogatório do réu e debates entre acusação e defesa, e a tarde ficará marcada pelo corajoso e emocionante depoimento de uma mãe que perdeu seu filho de forma trágica.
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