O Rio Grande do Sul enfrenta um crescimento alarmante nos casos de esporotricose humana. Apenas em Porto Alegre, foram registrados 276 casos até agosto de 2025, um aumento de 140% em relação ao mesmo período de 2024, segundo a Vigilância Epidemiológica municipal. A doença, transmitida principalmente por gatos infectados, já se espalhou por todos os estados brasileiros e é considerada uma epidemia de grande impacto na saúde pública.
A evolução da doença na capital gaúcha preocupa especialistas: foram 7 casos em 2022, 66 em 2023 e 167 em 2024. Outros municípios, como Pelotas e Guaíba, também criaram programas específicos para tentar conter o avanço da esporotricose. A dificuldade em controlar a população de gatos de rua é apontada como um dos principais desafios.
A esporotricose é causada pelo fungo Sporothrix brasiliensis, uma espécie altamente transmissível já considerada “tropicalizada” no Brasil. Em gatos, provoca feridas, úlceras e secreções; em humanos, costuma entrar pelo arranhão do animal, formando lesões que podem se agravar e atingir órgãos internos, especialmente em pessoas imunossuprimidas.
Diante desse cenário, pesquisadores têm buscado alternativas ao longo e nem sempre eficaz tratamento antifúngico tradicional. O professor e veterinário Carlos Brunner, referência nacional em eletroquimioterapia, desenvolveu uma nova técnica baseada em pulsos elétricos que cria poros irreversíveis na estrutura do fungo, eliminando-o sem danificar o tecido do animal. O método reduz o tempo de tratamento, exige menos manipulação dos gatos — o que facilita o manejo de animais de rua — e já está sendo utilizado em clínicas veterinárias e instituições como a Fiocruz e a PUC de Curitiba.
O equipamento utilizado, o Sporo Pulse, foi desenvolvido pela Akko Health Devices e tem apresentado resultados promissores no combate à doença. Especialistas reforçam que a eutanásia não é solução e que os gatos não devem ser responsabilizados pela epidemia, sendo fundamental o tratamento adequado e o controle populacional responsável.
A expansão rápida da esporotricose acende um alerta em todo o país, reforçando a necessidade de políticas públicas voltadas ao monitoramento, prevenção e tratamento tanto dos animais quanto das pessoas infectadas.
Fonte: TOTUM Comunicação