Relatório oficial divulgado nessa quarta-feira (4) estima que as atividades turísticas no Rio Grande do Sul tiveram um valor adicionado (contribuição para a economia) de R$ 15,2 bilhões em 2022. O montante representa quase 3% do total do Estado e, de acordo com o governo gaúcho, evidencia a recuperação do setor após o forte recuo durante a pandemia de coronavírus.
Em 2020, primeiro ano da crise sanitária, o valor adicionado total das atividades turísticas no Estado foi de R$ 9,2 bilhões, uma queda significativa em relação aos R$ 14,3 bilhões registrados em 2019.
Os dados são do Departamento de Economia e Estatística da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (DEE/SPGG) e foram detalhados durante o evento “Gramado Summit” pela titular da pasta, Danielle Calazans, e pelo secretário de Turismo, Ronaldo Santini. Eles estavam acompanhados do pesquisador responsável, Tomás Torezani.
Os resultados e a metodologia do estudo estão disponíveis ao público por meio do painel interativo turismo.dee.rs.gov.br. A ferramenta permite a visualização das estatísticas do Estado e de seus 497 municípios, por meio de mapas, tabelas e gráficos. É possível comparar e analisar os dados mensurados por regiões funcionais, turísticas e dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento (Coredes).
As séries históricas dos resultados abrangem o período de 2010-2022 e serão atualizadas anualmente após a divulgação dos dados das Contas Regionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que possuem defasagem de dois anos.
“A participação das atividades turísticas chegou a atingir 3,4% da economia do Estado em 2019″, ressaltou Torezani. “Mesmo tendo reduzido sua participação após a crise pandêmica, sendo mais impactado que a média da economia e ainda não tendo recuperado plenamente, o conjunto das atividades turísticas é mais representativo que atividades como indústria automobilística, indústria química, pecuária, pesca, silvicultura, geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, serviços de informação e comunicação.”
Para a elaboração do material, foram utilizadas classificações internacionais recomendadas pela ONU Turismo, adaptadas à realidade do Rio Grande do Sul. Os principais dados são provenientes do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio de convênio com o DEE.
As atividades turísticas do Estado foram definidas em cinco grupos: alojamento e alimentação, comércio varejista, segundas residências, transporte de passageiros e outras atividades (que incluem aluguel de bens móveis, organização de viagens e eventos, e artes e recreação).
“O turismo não é apenas uma atividade complementar, pois movimenta cadeias inteiras da economia, gera emprego, renda e oportunidades para milhares de gaúchos”, salientou o secretário do Turismo. “Ter acesso a essas informações é essencial para fomentar o desenvolvimento sustentável e qualificado do setor em todo o Estado.”
A secretária Danielle Calazans acrescentou: “As informações trazidas pelo trabalho do DEE irão contribuir para o sistema estatístico do Rio Grande do Sul, subsidiando a elaboração e a avaliação de políticas públicas, uma vez que passaremos a ter entendimento maior de como o turismo afeta economicamente cada região”.
Municípios
Dados de 2021 mostram que, em números absolutos, Porto Alegre lidera o ranking do valor adicionado das atividades turísticas. A capital do Estado atingiu R$ 2,1 bilhões, seguida por Gramado e Caxias do Sul. Considerando-se a participação percentual das atividades turísticas na economia de cada município, no entanto, Gramado ocupa a primeira posição, com 33,3%.
A lista com os dez municípios melhores posicionados segue com representantes do Litoral Norte e da Região das Hortênsias: Arroio do Sal, Xangri-Lá, Imbé, Cidreira, Balneário Pinhal, Capão da Canoa, Tramandaí, Canela, Cambará do Sul e Torres. Em 2010, primeiro ano analisado pelo estudo, Gramado ocupava a 6ª posição do ranking, enquanto Balneário Pinhal estava na liderança.
Segundas residências
Esse é o único estudo a mensurar o impacto das segundas residências no turismo. Em 2022, o item correspondia a 17,4% do valor adicionado das atividades do segmento no Rio Grande do Sul.
De acordo com o levantamento do DEE, o fenômeno é relevante no Estado em razão de algumas características: capital não litorânea, mas próxima ao mar; elevada população flutuante em cidades litorâneas durante o verão e grande expansão imobiliária no Litoral Norte nos últimos anos.
Além disso, a existência de segundas residências para visitantes tende a ser superior à oferta hoteleira. Isso reforça a necessidade de sua inclusão entre as atividades consideradas características do turismo.