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Entenda ponto a ponto a vacina contra a Covid-19 que será produzida pelo Butantan

Publicado 26/03/2021 às 11:23

Reprodução

Instituto Butantan, em São Paulo, anunciou, nesta sexta-feira (26), que está desenvolvendo a Butanvac, nova candidata a vacina contra a Covid-19. A vacina é a primeira, contra qualquer doença, a ser desenvolvida completamente no Brasil.

Nesta reportagem, você vai entender, ponto a ponto, alguns detalhes sobre a Butanvac:

  1. Como será a vacina? Qual tecnologia ela vai usar?
  2. Quantas doses a vacina terá?
  3. A vacina será segura?
  4. A vacina vai funcionar contra as novas variantes?
  5. Quando começarão os testes? Quem vai poder se candidatar?
  6. Por que a Butanvac é relevante para o Brasil?

 

1. Como será a vacina? Qual tecnologia ela vai usar?

Butanvac será feita com as tecnologias de vírus inativado e de vetor viral. O modo de produção é semelhante ao da vacina da gripe que é produzida pelo Butantan – usando ovos no processo.

Entenda cada parte, explicada pelo diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri:

A plataforma de vírus inativado é a usada nas vacinas da gripe, que tomamos todos os anos, e na CoronaVac, desenvolvida pela chinesa Sinovac e que está sendo envasada no próprio Butantan. Nesse tipo de vacina, o vírus é colocado inteiro dentro dela (veja infográfico), mas não é capaz de causar a doença.

 

Infográfico mostra como funcionam vacinas inativadas contra o coronavírus — Foto: Anderson Cattai/G1

Infográfico mostra como funcionam vacinas inativadas contra o coronavírus — Foto: Anderson Cattai/G1

  • Já a tecnologia de vetor viral é usada na vacina de Oxford – que, assim como a CoronaVac, está sendo aplicada no Brasil. Nesse tipo de vacina, um outro vírus, o vírus vetor, é modificado geneticamente para “carregar” uma parte do código genético do coronavírus dentro dele (veja infográfico).
  • Nas vacinas de vetor viral, nenhum dos dois vírus tem o poder de causar doença. Nenhuma vacina contra o coronavírus pode causar a Covid-19.

 

Infográfico mostra como funcionam vacinas de vetor viral contra o coronavírus — Foto: Anderson Cattai/G1

Infográfico mostra como funcionam vacinas de vetor viral contra o coronavírus — Foto: Anderson Cattai/G1

  • Butanvac vai usar as duas plataformas. Um outro vírus – o da doença de Newcastle, da família do sarampo, neste caso – vai ser modificado geneticamente para “carregar” um pedaço do coronavírus dentro dele. Esse vírus será o vetor.
  • O pedaço do coronavírus que o vetor vai carregar é o código genético que dá as instruções de como fazer a proteína S. A proteína S é a que o vírus usa para infectar as nossas células.
  • Esse vírus (da doença de Newcastle + pedaço do coronavírus) será colocado em ovos de galinha. No ovo, as células que estão ali vão “ler as instruções” para fabricar a proteína S e replicar o vírus: ou seja, vão produzi-lo em maior quantidade.
  • O vírus precisa ser colocado no ovo porque ele não consegue se replicar sozinho, ele precisa das células.
  • Quando houver vírus em grande quantidade dentro do ovo, esses vírus serão retirados dali, inativados fragmentados.
  • A proteína S será purificada e é o que vai para a vacina. Esse é o chamado ingrediente farmacêutico ativo (IFA). O que será injetado na pessoa é uma espécie de concentrado da proteína. O vírus de Newcastle não entra na composição da vacina.

A vacina contra a gripe é feita de forma semelhante a esse processo. A diferença é que, no caso da gripe, o vírus que é colocado dentro do ovo não tem vetor. Esse tipo de produção é seguro e de baixo custo.

“É uma ideia que existe em uma ou outra plataforma já de vacinas em desenvolvimento no mundo, mas que o Butantan sai na frente em termos de estudos em humanos”, explica Kfouri.

2. Quantas doses a vacina terá?

Os pesquisadores ainda não sabem. Existe a chance de que ela seja aplicada em apenas uma dose, mas isso ainda precisa ser testado.

Segundo o diretor do Butantan, Dimas Covas, a vacina é mais imunogênica do que as anteriores. Isso significa que ela tem capacidade de fazer o sistema de defesa do corpo criar defesas de forma mais eficiente contra o coronavírus. Por causa disso, é possível que seja dada em apenas uma dose, mas isso ainda não está determinado.

Hoje, as duas vacinas aplicadas no Brasil para a Covid-19 (CoronaVac e Oxford) são dadas em duas doses.

3. A vacina será segura?

Segundo o anúncio do Butantan, sim. O diretor do instituto, Dimas Covas, disse que o perfil de segurança da vacina é “excelente”. “É seguro e é uma tecnologia tradicional”, completou o diretor.

4. A vacina vai funcionar contra as novas variantes?

Também de acordo com o anúncio do Butantan, vai. A Butanvac já foi desenvolvida levando em consideração as novas variantes – inclusive a P.1, que foi detectada pela primeira vez em Manaus.

5. Quando começarão os testes? Quem vai poder se candidatar?

O diretor do Butantan, Dimas Covas, afirmou que vai entregar o dossiê da vacina à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nesta sexta (26). Segundo ele, se a agência autorizar, os testes podem começar em abril.

Ainda não está totalmente claro quem vai poder participar. De acordo com o Butantan, os voluntários provavelmente terão que ter no mínimo 18 anos e não poderão ser de grupos prioritários.

Renato Kfouri, diretor da SBIm, avalia que os participantes deverão ser pessoas jovens e que não foram vacinadas e nem tiveram Covid.

6. Por que a Butanvac é relevante para o Brasil?

A pesquisadora Ester Sabino, da USP, que liderou a equipe a fazer o primeiro sequenciamento genético do coronavírus no Brasil, avalia que uma vacina nacional é importante porque é necessário pensar a longo prazo no combate ao vírus – inclusive para futuras epidemias.

“É muito importante ter uma vacina nacional porque o problema ainda não acabou e, para o coronavírus, vai ser necessário pensar a longo prazo”, explica.

“Nos últimos 20 anos, este é o terceiro coronavírus que entra na espécie humana”, lembra Sabino. “Tudo indica que podem acontecer outras transmissões, e a gente precisa estar preparado para responder a essas novas epidemias que virão. Temos que começar agora desenvolvendo novas vacinas que, se não forem usadas nessa pandemia, serão usadas nos problemas que certamente virão no futuro”.

Por G1

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