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Os olhos merecem cuidado especial durante pandemia de Covid-19

Publicado 12/06/2020 às 02:17

*Por Fábio de Oliveira, da Agência Einstein

Evitar tocar os olhos passou a ser um mantra em tempos de pandemia, já que eles podem ser uma via para o novo coronavírus entrar no organismo. Ele é capaz de causar conjuntivite, como mostrou um estudo publicado no periódico científico Journal of Medical Virology.

Realizado na China, o trabalho avaliou a lágrima e secreções da conjuntiva – membrana mucosa que reveste a esclera, a parte branca do olho – de 30 pacientes com pneumonia derivada da contaminação pelo vírus. As amostras foram analisadas por meio do exame RT-PCR, que diagnostica a infecção pelo Sars-Cov-2. No único paciente com conjuntivite, o resultado deu positivo para a presença do micro-organismo no material coletado.

As secreções lacrimais participam do sistema de limpeza ocular, que tem seu início no ato mecânico de piscar. O ser humano pisca de 15 a 20 vezes por minuto. “Trata-se de uma forma de lubrificar a superfície ocular e eliminar qualquer substância ou micro-organismo que porventura aterrisse sobre os olhos”, explica o oftalmologista Adriano Biondi, do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo.  “A lágrima é drenada para o canal lacrimal, vai para o saco lacrimal e segue para a mucosa do nariz até chegar na faringe. Seu trajeto termina na garganta.  É o mesmo percurso no qual o vírus circula.”

Eliminações lacrimais podem estar presentes em toalhas e roupa de cama, por exemplo. Mas ainda não está claro quanto tempo o vírus é infectante nessas condições.

Home office
Há maneiras de aumentar a proteção. Quem está trabalhando em casa quase sempre permanece mais tempo em frente à tela do computador ou do celular. Isso interfere na nossa capacidade de piscar. “Quando você olha para uma tela, há uma mudança na resposta fisiológica normal responsável pela limpeza ocular”, explica Biondi, ainda detalhando: “O olho fica mais aberto e estático e pisca-se até três vezes menos. O resultado é o ressecamento, característica da síndrome do uso excessivo da tela do computador. Seus sintomas incluem ardência, vermelhidão, visão embaçada e cansaço dos olhos. Grau desregulado dos óculos também entra nessa equação.”

O olho ressaca muito rápido. Ele tem uma película de hidratação, o filme lacrimal. Esse filme tem camadas. A mais externa é formada por gordura, encarregada de criar uma tensão superficial que “segura” a lágrima na região. A segunda camada é a parte aquosa, constituída de água, enzimas, eletrólitos e proteínas, que nutrem a córnea. “É ali que os vírus circulam”, pontua Biondi. O terceiro estrato está em contato com a superfície do olho e é denominado proteico. Células oculares produzem proteínas com carga elétrica que atrai e segura a água na região.

De acordo com o oftalmologista, as três trabalham em harmonia. Se ocorre algum problema, como a blefarite, a inflamação da pálpebra, há uma instabilidade do filme lacrimal – ele desaparece em segundos. O olho fica irritado, abrindo espaço para vírus porque o sistema de limpeza natural não está funcionando a contento. Isso vale para as conjuntivites virais também, não só o Sars-Cov-2.

Pausa necessária
Para evitar que os olhos sofram com o trabalho exaustivo diante do computador, o ideal é que, a cada 20 minutos, faça-se uma pausa de 1 minuto longe da tela. “Olhe para longe, pisque mais e tome um copo d’água para a reidratação ocular”, aconselha o médico. Ele explica que mirar o horizonte ou qualquer coisa distante descansa a visão – já o que é próximo tem o efeito contrário. E isso porque o ser humano tem olhos de predador: são paralelos e adaptados para ver uma ‘caça’ de longe. Assim como os do águia. Com os animais que são presas, a história é diferente. “O pato e a galinha possuem olhos lateralizados para enxergar quem vem por trás e fugir”, exemplifica Biondi.

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