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Para Fetag-RS, ausência de estoques públicos afeta custos e preços do leite e da carne

Publicado 10/12/2020 às 04:26

Segunda safra de milho com queda de produção amplia dificuldades em atividades como a pecuária de leite, que usa o grão na ração
Pedro Brikalski / Especial

A preocupação com os desdobramentos da escassez da oferta de milho, um dos combustíveis da alta nos custos de produção, fez a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS) cobrar a retomada das políticas de estoques públicos. O mecanismo é visto como, mais do que uma forma de regular oferta e preços, uma questão de segurança alimentar.

— O momento está mostrando que o país precisa ter, sim, um olhar para o estoque. Se não tivermos preocupação com isso, haverá problemas em cada momento de crise. Olhando estrategicamente para a alimentação interna e para a produção de proteína animal, o governo tem de entrar nos estoques públicos — disse o presidente Carlos Joel da Silva, no balanço da entidade.

A avaliação vem por conta da crise vivida na pecuária de leite do Rio Grande do Sul. Mesmo quando não tem problemas climáticos, o Estado tem de buscar o grão fora, para dar conta da demanda. Com duas quebras de safra, essa equação ficou ainda mais complicada. A combinação das perdas, com a oferta de silagem de baixa qualidade, estoques de grãos insuficientes e pastagens igualmente prejudicadas pelo tempo seco pressiona os desembolsos a serem feitos para a produção de leite e de carne.

Sim, o valor pago ao produtor subiu em 2020: 35,8% segundo o Levantamento de Dados sobre a Cadeia Produtiva do Leite no Rio Grande do Sul da Fetag-RS. E, até dois meses atrás, vinha em um patamar considerado justo, pontua Eugênio Zanetti, vice-presidente da entidade. Em contrapartida, a ração subiu 35,6%, os fertilizantes 14,5%, medicamentos 12% e materiais plásticos e borrachas (para equipamentos), 45%.

— O produtor de leite nunca viveu uma agonia como a de hoje. Muitas propriedades estão reduzindo o plantel porque não têm o que dar de comer aos animais. Isso gera um momento de muita insegurança — advertiu Eugênio Zanetti, vice-presidente da entidade.

Incertezas à vista em 2021, com o fim do benefício do auxílio emergencial que pode afetar o consumo, a variação cambial e os efeitos do tempo sobre a safra ampliam a apreensão de agricultores familiares.

— Mais do que regulador, o estoque é uma questão de soberania alimentar. É preciso ter estoque para garantias de produção. Talvez não tenhamos falta de produto, no entanto, teremos uma exclusão ainda maior de produtores de leite e isso impacta diretamente na economia dos municípios — acrescenta Agnaldo Barcelos da Silva, tesoureiro da Fetag-RS.

Segundo a entidade, o estoque público de milho da Conab é de 55 mil toneladas para todo o país, quantia considerada muito pequena. Além disso, os programas de milho balcão (em que o governo subsidia o custo do frete) têm apenas três pontos cadastrados no RS — Marau, Erechim e Cruzeiro do Sul — o que faz com que não chegue a pontos em que há grande demanda, como em Santa Rosa, no Noroeste.

— Estamos há 60 dias tratando do credenciamento da Cotrirosa. Como a gente explica ao produtor que não chega milho há dois meses? — questiona Zanetti.

Até o momento, já foram enviadas 15 mil toneladas para o programa Milhão Balcão no Estado. Mais 5 mil estão a caminho.

Por GaúchaZH | Gisele Loeblein

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